STF forma maioria para garantir INSS a mulheres vítimas de violência doméstica
STF forma maioria para assegurar pagamento do INSS a mulheres afastadas do trabalho por violência doméstica; decisão deve impactar milhares de brasileiras

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta sexta-feira (5) o julgamento virtual que define se mulheres vítimas de violência doméstica poderão receber benefícios do INSS durante o período em que ficam afastadas do trabalho por determinação judicial. A análise, suspensa desde agosto, ganhou novo capítulo após a devolução do pedido de vista do ministro Nunes Marques.
Com o voto apresentado hoje, o ministro acompanhou o entendimento do relator Flávio Dino, formando placar de 9 a 0 a favor da concessão dos benefícios. Apenas o ministro Gilmar Mendes ainda não votou, e a votação permanece aberta até o dia 15.
Por que a decisão é importante?
A Lei Maria da Penha determina que mulheres em situação de violência doméstica tenham garantida a manutenção do vínculo trabalhista por até seis meses quando precisam se afastar do local de trabalho. Para o ministro Flávio Dino, esse direito não pode ser apenas formal: deve incluir também a proteção da renda.
Segundo o relator, negar o acesso a benefícios previdenciários ou assistenciais comprometeria a autonomia financeira da vítima e dificultaria o rompimento do ciclo de violência.
O que muda para as mulheres?
1. Para seguradas do INSS
Mulheres com vínculo formal ou que contribuam para o Regime Geral de Previdência Social passam a ter direito a benefício durante o afastamento.
- Primeiros 15 dias: responsabilidade do empregador.
- Período restante: pago pelo INSS.
Isso vale para:
- empregadas;
- contribuintes individuais;
- seguradas facultativas;
- seguradas especiais.
2. Para contribuintes sem vínculo trabalhista
Quem contribui de forma independente terá o benefício pago integralmente pelo INSS.
3. Para mulheres não seguradas do INSS
O entendimento é de que deverão receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), desde que comprovem não possuir meios próprios de subsistência. A avaliação será feita pelo Judiciário.
Impacto social da decisão
A posição do STF amplia o alcance da proteção da Lei Maria da Penha e fortalece políticas públicas de combate à violência doméstica. Especialistas apontam que o afastamento do trabalho, sem garantia de renda, historicamente mantém mulheres presas ao agressor.
A decisão final deve consolidar uma mudança estrutural na seguridade social, garantindo mais segurança e estabilidade para vítimas em situação de vulnerabilidade.



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