MP-BA e Inema lançam guia para gestão de espécies exóticas invasoras na Bahia

As espécies exóticas invasoras estão entre as principais ameaças à biodiversidade global. Elas são responsáveis por 60% dos casos de extinção de espécies e geram custos econômicos anuais de 26,8 bilhões de dólares no mundo. No entanto, segundo o Instituto Hórus, esse valor pode ser ainda maior devido à subnotificação dos danos à biodiversidade e aos serviços ambientais.

Para enfrentar esse problema e orientar gestores dos 417 municípios baianos sobre medidas de prevenção e controle, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) lançaram, na manhã desta sexta-feira (21), um guia para a gestão de espécies exóticas invasoras na Bahia. A publicação, intitulada Espécies Exóticas Invasoras e Invasões Biológicas, foi apresentada na sede da Instituição, no bairro de Nazaré, em Salvador, e está disponível online.

O promotor de Justiça Alan Cedraz destacou a gravidade do problema. “As espécies exóticas invasoras e as invasões biológicas são consideradas uma das cinco maiores causas de extinção de espécies. Trata-se de um problema muito silencioso, onde muitas vezes as pessoas não têm um conhecimento adequado para identificar se determinada espécie é natural, nativa ou invasora. Se não for identificado precocemente e não houver medidas de gestão, pode se tornar uma ameaça grave às espécies nativas da região”, explicou.

O guia, desenvolvido pelo Instituto Hórus, reúne informações sobre diagnóstico e identificação precoce das espécies invasoras, mapeamento das áreas afetadas e estratégias para evitar a propagação. Também apresenta ações de manejo, restauração de ecossistemas, educação ambiental e incentivos para a criação de normativas municipais que restrinjam a comercialização e introdução dessas espécies.

Para o promotor de Justiça Augusto Matos, coordenador do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Ceama), o guia representa um avanço na gestão ambiental da Bahia. “Estamos fortalecendo as ações de combate às invasões biológicas, que representam uma das maiores ameaças à biodiversidade global. Esse material oferece soluções práticas para gestores municipais, permitindo uma abordagem eficaz contra esse problema crescente”, afirmou.

As espécies exóticas invasoras são organismos que, ao serem introduzidos em um novo ambiente, se proliferam descontroladamente, ameaçando a biodiversidade, a economia e até a saúde pública. De acordo com o guia, caso medidas eficazes não sejam adotadas, estima-se que as invasões biológicas possam crescer entre 20% e 30% até o final do século.

A especialista em meio ambiente e recursos hídricos do Inema, Sara Alves, ressaltou a importância de um trabalho coordenado para evitar a propagação dessas espécies. “Esses organismos chegam à Bahia de diversas formas e ocupam espaços de espécies nativas nos nossos biomas, como Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e ecossistemas costeiros”, explicou.

Silvia Ziller, diretora executiva do Instituto Hórus, reforçou que o tema ainda é pouco conhecido pela população. “Nosso objetivo é suprir essa lacuna e prover aos municípios referência técnica para ações de proteção, detecção precoce e controle dessas espécies. Além disso, o guia auxilia na elaboração de programas de manejo e traz a lista estadual de espécies invasoras da Bahia”, destacou.

A publicação já foi lançada em Lençóis, no dia 18, e em Mucugê, no dia 19, e agora está disponível para todos os municípios baianos. A mesa de abertura do evento contou com a participação dos promotores de Justiça Alan Cedraz e Augusto Matos, da assessora técnica pericial do Ceama, Rousyana Gomes de Araújo, da especialista do Inema Sara Alves e de Silvia Ziller, do Instituto Hórus.