Jerônimo critica aprovação da PEC da Blindagem e reage a recuo de deputados

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), voltou a criticar a aprovação da PEC da Blindagem pela Câmara dos Deputados na última semana. Em coletiva nesta segunda-feira (22), o petista afirmou que a medida representa uma distorção do papel do Congresso e reforçou a expectativa de que a proposta seja barrada no Senado em entrevista ao Bahia.ba.

“Eu fico muito triste quando vejo um Congresso com tanta responsabilidade se submeter a ações dessa natureza. O Congresso existe para fazer leis que o povo do Brasil precisa, como combate à fome, violência, emprego, educação e cultura. Quando vemos deputados puxados por interesses individuais e não da sociedade, isso contamina a imagem do político”, disse Jerônimo.

Questionamentos ao Congresso e ao STF

O governador também ironizou o receio de parlamentares em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Se os deputados andam na linha correta, por que ter medo do Supremo? Será que alguém quer se antecipar com uma defesa antes do que acontece? Perguntas que não cabem mais”, questionou.

Jerônimo comparou ainda a situação ao caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a ser preso, recorreu e foi solto. Para ele, a tentativa de blindagem não se sustenta:

“Isso cria uma ‘vacina’ para o Senado, que deverá barrar o processo. Lula, mesmo sem culpabilidade, recorreu e conseguiu demonstrar que não havia erro em suas ações.”

Deputados baianos arrependidos

Após a votação, dois deputados federais da Bahia, Gabriel Nunes (PSD) e Mário Negromonte Jr. (PP), declararam arrependimento por terem votado a favor da PEC.

Gabriel Nunes afirmou em nota que seu voto foi um equívoco:

“Reconheço, com humildade, que não escolhemos o melhor caminho e que a PEC acabou sendo aprovada de maneira que vai contra princípios que sempre pautaram meu mandato: transparência, fiscalização e respeito às instituições democráticas.”

Já Mário Negromonte Jr. publicou vídeo nas redes sociais chamando a proposta de “PEC da Bandidagem” e disse ter sido surpreendido pela mudança de texto.

“Logo depois da votação, me senti como se tivesse passado por um golpe porque o projeto foi todo alterado”, declarou.

Reação do governador

Diante das manifestações, Jerônimo cobrou coerência dos parlamentares baianos que se disseram arrependidos:

“Eu respeito a decisão, até porque também não concordo com deputados do PT que fizeram isso em outros estados. O alinhamento é um só. Esses votos não devem ser particulares, já que foram eleitos pela sociedade”, disse.

Para o governador, o mais importante agora é que a PEC seja barrada no Senado:

“Espero que, conforme falaram, esses deputados irão trabalhar para que no Senado a proposta não passe. E já garantiram que não votarão a favor da anistia. Isso, para mim, é o mais importante.”