Brasil reage a ameaça de guerra: embaixador na ONU pede fim da ação dos EUA contra a Venezuela

Sergio Danese critica cerco militar dos Estados Unidos, defende diálogo e diz que conflito na América do Sul pode ter impacto global

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Brasil reage a ameaça de guerra: embaixador na ONU pede fim da ação dos EUA contra a Venezuela
Valter Campanato/Agência Brasil

O Brasil voltou a assumir protagonismo no cenário diplomático internacional ao defender, nesta terça-feira (24), o fim imediato das ações militares dos Estados Unidos contra a Venezuela. Durante reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o embaixador brasileiro Sergio Danese fez um discurso firme, no qual criticou duramente a postura do governo norte-americano e pediu a retomada do diálogo como único caminho legítimo para a resolução do impasse.

Segundo Danese, as ações promovidas pelos Estados Unidos representam violações diretas à Carta das Nações Unidas, documento que rege as relações internacionais e estabelece limites claros para o uso da força entre países. Para o diplomata, qualquer iniciativa militar deve ser interrompida de forma “imediata e incondicional”, dando lugar aos instrumentos políticos, diplomáticos e jurídicos previstos pelo direito internacional.

“O Brasil entende que não há justificativa legal ou moral para ações unilaterais dessa natureza. A solução deve passar pelo diálogo genuíno, conduzido de boa-fé e sem coerção”, afirmou o embaixador, ao reforçar a posição histórica do país em defesa da soberania dos Estados e da não intervenção.

Danese também destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já manifestou publicamente sua disposição em atuar como mediador entre os Estados Unidos e a Venezuela. Segundo ele, o governo brasileiro apoia qualquer iniciativa do secretário-geral da ONU que tenha como objetivo reduzir tensões, evitar confrontos armados e buscar uma saída negociada para a crise.

A manifestação ocorre em meio ao aumento das tensões após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificar ameaças de intervenção militar contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Washington acusa Maduro de liderar um suposto cartel narco-terrorista e tem promovido um cerco militar ao país sul-americano, elevando o clima de instabilidade na região.

Durante sua fala, Sergio Danese ressaltou que a América do Sul é, historicamente, uma região comprometida com a paz e a convivência pacífica entre seus países. Para o embaixador, preservar esse status é um dever coletivo dos governos da região e também da comunidade internacional.

“A América do Sul é e quer continuar sendo uma região de paz, com respeito ao direito internacional e boas relações entre vizinhos”, declarou. Ele alertou ainda que um eventual conflito armado no continente não afetaria apenas os países diretamente envolvidos, mas poderia gerar consequências globais, com impactos econômicos, humanitários e geopolíticos.

O posicionamento brasileiro reforça a linha adotada pelo Itamaraty nos últimos anos, baseada no multilateralismo, na valorização das instituições internacionais e na defesa de soluções pacíficas para crises internacionais. Para o governo brasileiro, a ONU deve ser o principal fórum para a mediação de conflitos, evitando decisões unilaterais que coloquem em risco a estabilidade global.

A fala de Danese foi recebida com atenção por representantes de outros países-membros do Conselho de Segurança, especialmente na América Latina, onde cresce a preocupação com os desdobramentos das ameaças feitas por Washington. Nos bastidores diplomáticos, a expectativa é de que o Brasil atue como uma das vozes centrais na tentativa de conter uma escalada militar no continente.

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