Venezuelano que mora em Salvador se torna campeão baiano de remo
Na Bahia há cinco anos, o jovem é monitor de canoagem no clube Kaiaulu Va’a, onde ingressou a partir do projeto social Remo sem Fronteiras, desenvolvido em parceria com a Associação de Remo Salvador
Sorriso aberto, clima descontraído e olhar atento para o futuro: é assim que o venezuelano Luca de Lima leva a vida, principalmente após se tornar campeão baiano de canoa havaiana nas categorias V1, modalidade individual, e OC2, competição de duplas.
Há cinco anos na Bahia, o jovem de 18 anos deixou a sua terra natal ainda criança, juntamente com a mãe, o irmão e a tia. Na mala, Luca trazia o sonho de viver do esporte. “Sempre foi meu sonho. Eu acredito que o principal elemento para se chegar aonde deseja é o foco, a disciplina. Nada vem sem esforço”, relata.
Entre o desejo e a realidade, contudo, há uma distância a ser superada: como um jovem vindo de outro país consegue se tornar campeão baiano de canoagem tão cedo? A resposta para essa pergunta está centrada no clube Kaiaulu Va’a e em seu projeto social “Remo sem Fronteiras”, desenvolvido em parceria com a Associação de Remo Salvador que Luca ingressou ainda criança.
O projeto tem por intuito capacitar jovens com o curso de remo, apresentando uma nova perspectiva de trabalho. Foi por meio do Remo sem Fronteiras que Luca de Lima deixou de ser aluno para virar professor, tornando-se monitor do clube. “Entrei no projeto muito novo, saía da aula pela manhã e de tarde treinava no clube. Então surgiu a oportunidade de ser monitor e eu aproveitei. No começo desconfiavam por causa da minha idade, mas logo isso ficou para trás. Olhando em retrospecto, eu só tenho a agradecer ao clube pela oportunidade. Foi lá que eu consegui ter minha formação enquanto profissional e, principalmente, como atleta também”, destaca Luca.
Com três anos de casa, o atleta reforça que o Kaiaulu Va’a mudou sua vida, tornando possível realizar o sonho. Atualmente, toda segunda ele ministra aulas para as crianças que compõem o projeto social “Remo Sem Fronteiras”, desenvolvido em parceria com o clube, buscando contribuir para as suas formações, assim como um dia fizeram com ele. “É um projeto muito bonito. É por meio de projetos como esse que tudo isso se tornou possível e eu quero dar esse retorno para a comunidade”, reforça.
Agora, depois do título baiano, o atleta se prepara para as futuras competições, com foco no Campeonato Brasileiro de 2025. “Eu me classifiquei para o Campeonato Brasileiro depois de ser campeão baiano, então vou me preparar para fazer uma grande competição. Esse é o meu objetivo. Para o futuro eu penso em construir meu nome, uma grande carreira e quem sabe, um dia, abrir meu próprio clube. Mas, no momento, o foco está nessa construção como atleta e em ajudar na formação dos jovens no Kaiaulu”, comenta.
Nesses cinco anos de trajetória na Bahia, muita coisa mudou para o atleta: Luca aprendeu português e se tornou um típico baiano, até na maneira de falar. Samba, pagode e Carnaval estão na ponta da língua do jovem, assim como a canoa e o mar. Terminando o ensino médio este ano, ele também pensa em entrar no ensino superior e cursar Educação Física. Continuar os estudos é algo que ele considera muito importante, principalmente para se especializar cada vez mais no remo.
Histórias como a de Luca de Lima mostram como o esporte pode ser um grande agente transformador na vida de crianças e adolescentes,principalmente a partir de projetos sociais como o promovido no Kaiaulu Va’a. O atleta destaca que o esporte realmente se configura como uma chance de ascensão para muitas pessoas. “A mensagem que eu deixo para os jovens que procuram no esporte uma oportunidade é ter foco e muita disciplina que o seu momento vai chegar de um modo ou de outro, seja como atleta ou até mesmo em uma oportunidade de emprego, como aconteceu comigo”, conclui.
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