Sucessão de Haddad na Fazenda divide governo Lula
Decisão de Fernando Haddad de deixar o Ministério da Fazenda até 2026 gera embate no PT e resistência ao nome indicado para a sucessão

A decisão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de deixar o cargo até abril de 2026 para se dedicar à campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desencadeou uma disputa interna no governo e no Partido dos Trabalhadores (PT) pela sucessão da pasta econômica.
Em entrevista ao jornal O Globo, Haddad afirmou já ter comunicado a Lula sua intenção de deixar o ministério. Apesar disso, setores do PT defendem que o ministro seja candidato ao governo de São Paulo, o que amplia ainda mais as articulações políticas em torno de seu futuro.
Como sucessor, Haddad indicou o atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, considerado seu braço direito na condução da política econômica. Durigan acompanha o ministro desde a Prefeitura de São Paulo e assumiu o cargo após a saída de Gabriel Galípolo para o Banco Central, em 2023.
No entanto, o nome de Durigan enfrenta resistência tanto no PT quanto entre ministros do Palácio do Planalto. A principal crítica é a falta de vínculo partidário. Reservadamente, uma liderança petista influente classificou a indicação como “um cheque em branco”.
Outro ponto de desconfiança é a relação de Durigan com grandes empresas de tecnologia. Antes de assumir a secretaria-executiva da Fazenda, ele foi responsável por políticas públicas do WhatsApp no Brasil, o que gera desconforto em alas do partido.
Diante do cenário eleitoral de 2026, dirigentes do PT avaliam que Lula deveria escolher um nome mais próximo da legenda para comandar a economia no período pré-eleitoral.
PT articula alternativa
Com a resistência à indicação de Durigan, aliados do governo passaram a defender outros nomes. Um dos mais citados é Bruno Moretti, atual presidente do conselho de administração da Petrobras e secretário especial de Análise Governamental da Casa Civil.
Servidor de carreira do Ministério do Planejamento, Moretti é visto como um quadro técnico com maior identificação partidária, além de trânsito no núcleo político do governo, comandado pelo ministro Rui Costa.
Aliados de Haddad, por outro lado, sustentam que Durigan garantiria continuidade à gestão econômica, por já dominar a estrutura e os projetos estratégicos da Fazenda. Eles também lembram que o secretário-executivo já atuou em governos petistas, inclusive na Subchefia para Assuntos Jurídicos da Presidência durante o governo Dilma Rousseff.
A definição sobre a sucessão deve se intensificar nos próximos meses e promete acirrar os debates internos no governo Lula e no PT, especialmente diante do impacto político e econômico da escolha.



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