Secretário dispara contra aumento da passagem e diz que crise do transporte em Salvador piorou
Augusto Vasconcelos afirma que justificativa do reajuste não se sustenta e cobra debate sobre transporte como direito social

A polêmica em torno do reajuste da tarifa de ônibus em Salvador, que passará de R$ 5,60 para R$ 5,80 a partir de janeiro de 2026, ganhou um novo capítulo nesta semana. O secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia (Setre-BA), Augusto Vasconcelos (PCdoB), criticou duramente a decisão anunciada pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil) e afirmou que a medida agrava ainda mais a crise do transporte público na capital baiana.
Segundo Vasconcelos, a gestão municipal confirmou o aumento antes mesmo do encerramento do ano, o que, na avaliação dele, reforça a falta de diálogo sobre o tema. Para o secretário, Salvador caminha para se consolidar como uma das capitais com a tarifa de ônibus mais cara do Brasil.
“Isso é lamentável, porque mais pessoas serão excluídas do sistema. E os mesmos empresários passam a pressionar a prefeitura para receber mais subsídios, que são recursos públicos injetados nas empresas de ônibus”, afirmou o secretário em vídeo publicado em seu perfil no Instagram.
Augusto Vasconcelos também questionou a justificativa apresentada pelo prefeito Bruno Reis para o reajuste, classificando o argumento como inconsistente. Segundo ele, o modelo adotado gera um ciclo negativo: aumento da tarifa, redução de passageiros e queda na arrecadação, seguido por novas pressões do setor empresarial por subsídios públicos.
“As empresas pressionam pela elevação da tarifa, menos pessoas passam a utilizar o transporte, o que gera queda na arrecadação. Em seguida, esses mesmos empresários pressionam novamente a prefeitura e a Câmara Municipal pela aprovação de subsídios”, criticou.
Vereador licenciado, Augusto lembrou que, durante a votação do subsídio de R$ 200 milhões na Câmara Municipal de Salvador, apresentou uma emenda propondo contrapartidas sociais. “Não fazia sentido o município pagar um valor milionário aos empresários sem exigir retorno para a população”, destacou.
O secretário também levantou questionamentos sobre o impacto do reajuste na vida da população mais vulnerável. “Pessoas inscritas no CadÚnico, que estão desempregadas, ficarão sem acesso ao transporte?”, indagou. Para ele, o transporte público precisa ser tratado como direito social, e não apenas como um serviço.
Por fim, Vasconcelos citou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou a realização de estudos para a criação de um sistema único de transporte público no país. Ele defendeu a revisão da legislação do vale-transporte e a criação de um fundo para subsidiar a tarifa, garantindo gratuidade especialmente para a população de baixa renda.
O secretário encerrou convidando o prefeito Bruno Reis para um debate público sobre o tema. “Precisamos discutir o transporte público. As medidas adotadas nos últimos anos têm agravado a crise do setor”, concluiu.



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