Seca na Bahia: Deputados pedem medidas estruturantes na Alba

As comissões de Agricultura e Política Rural e de Infraestrutura da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) realizaram nesta terça-feira (25) uma audiência pública decisiva para debater o combate à seca no estado. Durante o encontro, que reuniu deputados, lideranças do interior e representantes do Governo do Estado, os colegiados defenderam a adoção de medidas estruturantes e permanentes para enfrentar o evento climático que afeta cerca de 2 milhões de baianos.

A audiência pública ocorreu no contexto de uma das piores estiagens recentes, que levou 120 municípios da Bahia a decretarem situação de emergência em 2025. A gravidade da crise foi destacada pelo deputado Luciano Araújo, proponente do debate, que detalhou o impacto em diversas regiões: 20 municípios no Sudoeste, 3 no Sertão Produtivo, 23 na Bacia do Rio Corrente, 12 na Bacia do Paramirim, 6 no Médio Rio de Contas, 9 no Vale do Jiquiriçá, 14 no Piemonte do Paraguaçu e 23 em áreas da Chapada Diamantina.

O deputado Manuel Rocha (União Brasil), presidente da Comissão de Agricultura da Alba, enfatizou a necessidade de continuidade das ações, independentemente da chegada das chuvas. “A seca é um evento climático que acontece de forma permanente em nosso estado, estado semiárido, que causa diversos prejuízos à agricultura e à pecuária, principalmente à agricultura familiar,” afirmou Rocha. Ele defendeu que o acompanhamento das ações do Governo do Estado pela Alba seja constante, e não apenas em períodos críticos.

O presidente da Comissão de Infraestrutura, deputado Eduardo Salles, complementou, alterando o foco do debate: “A palavra não é nem enfrentamento, mas convivência com a seca. Temos que trabalhar essa convivência com a seca, essa condição de, ano após ano, aprender que vamos ter uma meta, uma obrigação aqui constante.”

O diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), Jeandro Ribeiro, informou que o Governo do Estado conseguiu, via emenda de bancada dos deputados federais, um recurso de R$ 60 milhões destinado a ações de combate à seca para os anos de 2025 e 2026. Ribeiro salientou que a estiagem prejudica principalmente os agricultores familiares, impactando a produção agropecuária. A Bahia é líder nacional em rebanho de caprinos e ovinos, maior produtor de amêndoa de cacau, e se destaca na produção de coco e café conilon.

O assessor da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Adauto Liberato, sugeriu a necessidade de complementação de ações, como a construção de barragens para distribuição de água e a criação de perímetros irrigados que garantam a efetividade da produção.

Por fim, o deputado Ricardo Rodrigues (PSD), vice-presidente da Comissão de Agricultura, alertou que a região de Irecê enfrenta a pior seca dos últimos 40 anos e manifestou apoio à destinação de recursos de emendas parlamentares para as ações da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e da CAR.