Rui Costa diz que vai intensificar diálogo com Angelo Coronel e comenta disputa ao Senado em 2026

O ministro da Casa Civil e um dos principais nomes da cúpula do PT na Bahia, Rui Costa, afirmou que vai intensificar, nos próximos dias, o diálogo com o senador Angelo Coronel (PSD) e com o deputado federal Diego Coronel, filho do parlamentar. A declaração foi dada durante entrevista à Rádio Metropole, nesta segunda-feira (15), e ocorre em meio às articulações para a formação da chapa governista nas eleições de 2026.

Rui Costa já havia sinalizado publicamente que colocará seu nome à disposição para disputar uma vaga no Senado Federal no próximo pleito. A movimentação, no entanto, tornou a disputa interna mais complexa, já que o grupo político conta com apenas duas vagas e os senadores Jaques Wagner (PT) e Angelo Coronel também manifestaram intenção de buscar a reeleição.

“Nós estamos dialogando muito. Eu recentemente jantei com o senador Coronel, conversei essa semana com o senador Alencar, estamos dialogando muito. Eu vou intensificar, nos próximos dias, o diálogo com o senador Coronel, com o Diego Coronel, um jovem talentoso e promissor, e vamos encontrar uma solução para mediar isso”, afirmou Rui Costa durante a entrevista.

Embora não tenha detalhado qual será a composição final da chapa, o ministro fez questão de destacar a importância da reeleição de Jaques Wagner, ressaltando o papel histórico do senador na política baiana e nacional. Segundo Rui, Wagner teve papel central no processo de redemocratização da Bahia e exerce função estratégica para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao liderar a base governista no Senado.

“A sua reeleição cumpre esse papel, além do reconhecimento pessoal pela trajetória, pelo papel político e pelo papel que ele ainda vai desempenhar no Senado, ao lado do presidente Lula”, declarou.

Rui Costa também relembrou o cenário de 2022, quando deixou o governo da Bahia e chegou a ser incentivado a disputar uma vaga no Senado. Segundo ele, a decisão de permanecer no Executivo estadual à época não foi motivada por um projeto pessoal. “Muita gente dizia: saia para o Senado, você se elege com o pé nas costas. Eu dizia que não estava fazendo um projeto pessoal e que não queria me eleger a qualquer custo em detrimento da situação do Estado”, recordou.

Durante a entrevista, o ministro também aproveitou para fazer críticas ao modelo atual de financiamento eleitoral e ao impacto das emendas parlamentares sobre a renovação política no país. Para Rui Costa, o sistema vigente concentra recursos nas mãos de quem já está no poder e dificulta o surgimento de novas lideranças.

“Se o modelo de financiamento privado era criticado, hoje é difícil ter renovação parlamentar. Quem pode disputar uma vaga de deputado federal com esse volume de emendas?”, questionou.

Rui também criticou o funcionamento do fundo partidário, afirmando que as regras de distribuição afastam candidatos da sociedade civil. “Quem define a distribuição do dinheiro são as direções partidárias. Isso desestimula novas candidaturas, a não ser que a pessoa seja um empresário rico”, pontuou.

Outro tema abordado foi a aprovação do Projeto de Lei da Dosimetria pela Câmara dos Deputados. Para Rui Costa, a proposta representa um retrocesso no combate à criminalidade. “A Câmara deu um péssimo exemplo ao reduzir penas. A impunidade é irmã gêmea da criminalidade”, afirmou.

O projeto agora segue para o Senado Federal, onde a votação está prevista para quarta-feira (17). Rui destacou ainda que o governo Lula trabalha em propostas mais duras na área de segurança pública, incluindo a criação do Ministério da Segurança Pública, prevista após a aprovação de uma PEC que amplia o papel da União no setor.