Retomar os estudos pode render até 23% a mais no seu salário
Estudo inédito revela como a Educação de Jovens e Adultos (EJA) impacta diretamente na renda, emprego formal e qualidade de vida de quem retoma os estudos no Brasil

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) vai muito além de uma segunda chance. Um estudo recente encomendado pelo Ministério da Educação (MEC), em parceria com a Unesco, mostra que essa modalidade de ensino oferece impactos reais e mensuráveis na vida dos estudantes — principalmente em termos de renda, acesso ao emprego formal e qualificação profissional.
Segundo o levantamento, quem conclui a EJA pode ter um aumento de até 23% na renda média mensal, especialmente nas faixas etárias entre 46 e 60 anos. Entre os mais jovens, o crescimento também é expressivo, com ganhos de até 14,9% para quem completa o ensino fundamental.
O que é a EJA?
A EJA é voltada para quem não concluiu o ensino fundamental ou médio na idade adequada, oferecendo uma alternativa rápida e eficaz para retomar os estudos. Podem se inscrever:
- Ensino fundamental: a partir de 15 anos
- Ensino médio: a partir de 18 anos
- Alfabetização (AJA): a partir de 15 anos
Os cursos são mais curtos que os regulares e atendem públicos diversos, com foco especial em pessoas de baixa renda, moradores de áreas rurais e comunidades negras.
Impactos da EJA na renda e no trabalho
✔ Alfabetização (AJA)
- Aumento médio de 16,3% na renda entre 18 e 60 anos
- Aumento de 7,7 pontos percentuais na probabilidade de emprego formal
- Ocupações de melhor qualidade em 2,3 pp
✔ Ensino Fundamental (anos finais)
- Crescimento de 4,6% na renda média geral
- Até 14,9% de aumento na renda entre 26 e 35 anos
- Trabalho formal: aumento de 6,6 pp
- Ocupação de qualidade: aumento de 3,2 pp
✔ Ensino Médio (EJA)
- Crescimento médio de 6% na renda entre 18 e 60 anos
- Para jovens de 26 a 35 anos: até 10% de aumento na renda
- Aumento de 9,4 pp na formalidade do emprego
- Qualidade da ocupação: aumento de 3,3 pp
EJA como estratégia de desenvolvimento social
Segundo a pesquisadora Fabiana de Felicio, responsável pelo estudo, os resultados reforçam que o investimento na EJA não é apenas benéfico para o indivíduo, mas também para o desenvolvimento econômico e social do país.
“Os ganhos ao longo da vida superam os custos de curto prazo do retorno aos estudos”, afirma.
Pacto EJA: combate ao analfabetismo
O Pacto Nacional de Superação do Analfabetismo lançado pelo MEC prevê:
- 3,3 milhões de novas matrículas até 2027
- Investimento de R$ 4 bilhões em quatro anos
- Integração da EJA à educação profissional
Hoje, o Brasil ainda tem 9,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever, segundo o IBGE.
A Educação de Jovens e Adultos é mais do que uma política pública — é uma oportunidade real de transformação econômica e social. Retomar os estudos pode ser o passo mais importante para garantir melhores salários, empregos formais e qualidade de vida. E com iniciativas como o Pacto EJA, o caminho está mais acessível do que nunca.
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