Relatório detalha coleta, reciclagem e energia de resíduos

Novo panorama da Abrema expõe avanço histórico na coleta, desafios com lixões e crescimento da reciclagem bioenergética no país

Brasil Notícias
Relatório detalha coleta, reciclagem e energia de resíduos
Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

Em 2024, o Brasil registrou 81,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2025, divulgado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema). O volume representa um crescimento de 0,75% em relação ao ano anterior e equivale a 384 kg de lixo por habitante ao ano — ou 1,24 kg por dia.

Do total produzido, 76,4 milhões de toneladas (93,7%) foram coletadas, mas apenas 41,4 milhões (59,7%) tiveram destinação ambientalmente correta em aterros sanitários. O dado indica melhora na gestão de resíduos sólidos no Brasil, já que a disposição inadequada caiu de 41,5% para 40,3% em apenas um ano.

Segundo o presidente da Abrema, Pedro Maranhão, a persistência de quase 3 mil lixões ativos revela um grande paradoxo: “Mesmo após a proibição nacional de destinação irregular, seguimos acumulando passivos ambientais que poderiam se transformar em ativos econômicos.”

Reciclagem ainda avança lentamente

O estudo aponta que 7,1 milhões de toneladas de resíduos secos foram enviadas à reciclagem em 2024 — apenas 8,7% do total gerado. Desse volume, 2,5 milhões vieram de serviços públicos de coleta, enquanto 4,6 milhões foram recuperados por meio da coleta informal, feita principalmente por catadores.

Apenas 52% desse material foi efetivamente recuperado, sendo o restante descartado como rejeito.

Reciclagem bioenergética cresce e supera a mecânica

Pela primeira vez, o relatório incluiu uma análise detalhada da reciclagem bioenergética, que considera:

  • biogás
  • biometano
  • compostagem
  • combustível derivado de resíduos (CDR)

De acordo com o diretor técnico da Abrema, Antônio Januzzi, essa abordagem unifica o aproveitamento de resíduos orgânicos e materiais que não podem ser reciclados mecanicamente. O resultado impressiona:
11,7% dos resíduos orgânicos gerados foram convertidos em energia ou composto, superando a reciclagem tradicional de secos, que ficou em 8,7%.

Logística reversa ganha força com novos sistemas

O panorama também analisou os 13 sistemas de logística reversa vigentes no país, que incluem setores como pneus, embalagens, eletrônicos, medicamentos e lâmpadas.

Segundo Januzzi, o país avança rumo a uma economia circular, impulsionado pelo recém-publicado Decreto 12.688/2025, conhecido como Decreto do Plástico, que amplia o escopo de materiais obrigados a retornar ao ciclo produtivo.

Municípios pequenos continuam sendo os mais afetados

Em nota enviada à Agência Brasil, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) destaca que cidades com menos de 50 mil habitantes enfrentam enorme dificuldade para eliminar lixões e implantar aterros sanitários, devido a:

  • falta de recursos financeiros
  • áreas inadequadas pelas regras da ABNT
  • alto custo de operação
  • inviabilidade de consórcios intermunicipais em regiões de baixa densidade populacional

Para regiões como o Norte, a CNM afirma ser “quase impossível” atender a todas as exigências técnicas.

Energia a partir de resíduos: viável só para cidades grandes

Apesar do potencial energético, a CNM alerta que usinas de conversão de resíduos em energia só são economicamente viáveis em municípios ou consórcios com mais de 300 mil habitantes. A entidade ressalta ainda que apenas resíduos rejeitos devem ser usados, para evitar impactos sociais sobre catadores e catadoras.

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