Ranking revela falha do Congresso em políticas raciais
Pesquisa revela baixo engajamento de parlamentares em pautas raciais e aponta líderes e retardatários do Congresso

O engajamento da Câmara dos Deputados em pautas de igualdade racial segue baixo, segundo o Ranking Igualdade Racial 2025, divulgado na última terça-feira (9) em Brasília.
O levantamento avaliou 571 deputados e ex-deputados a partir de 37 mil atividades legislativas, incluindo votos nominais, discursos, pareceres, emendas e substitutivos. A análise combinou inteligência artificial e revisão humana, fornecendo notas que vão de -10 a +10, refletindo posições favoráveis ou contrárias a projetos que impactam a população negra.
Segundo Ingrid Sampaio, coordenadora de Advocacy do Instituto de Referência Negra Peregum, há uma queda brusca nas notas após os 50 primeiros colocados. “Existe algum engajamento incipiente, mas os parlamentares mais engajados precisam compensar a falta de empenho dos demais”, afirma.
O estudo, produzido em parceria com a Fundação Tide Setúbal e com apoio do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), aponta que a pauta racial é historicamente desconfortável para o Congresso Nacional, o que contribui para o baixo envolvimento.
Destaques do ranking
Entre os parlamentares mais bem avaliados estão Erika Kokay (PT-DF), Daiana Santos (PCdoB-RS) e Talíria Petrone (PSOL-RJ), enquanto os últimos lugares foram ocupados por Junio Amaral (PL-MG), Helio Lopes (PL-RJ) e Chris Tonietto (PL-RJ).
O levantamento também evidencia que mulheres, negros e indígenas têm papel fundamental na promoção de políticas de igualdade racial, representando maior presença entre os primeiros colocados, mesmo correspondendo a apenas 20% da Câmara.
Partidos e posicionamento
Embora a pauta seja associada à esquerda, o estudo revela que parlamentares de centro e centro-direita também aparecem entre os 50 mais engajados, frequentemente atuando de forma independente das bancadas. “A representatividade faz diferença. A presença de mulheres e pessoas não brancas influencia nas políticas públicas e na qualidade dos debates”, destaca Ingrid Sampaio.
O estudo completo pode ser consultado no site do Instituto de Referência Negra Peregum.



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