Rafaela Silva é superada na disputa do bronze olímpico

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Rafaela Silva é superada na disputa do bronze olímpico

Rafaela Silva chegou a uma disputa de medalha olímpica novamente nesta segunda-feira, 29/07. Oito anos depois do ouro na Rio 2016, a carioca enfrentou a japonesa Haruka Funakubo na disputa pelo bronze dos Jogos Olímpicos Paris 2024. Numa luta muito equilibrada, com mais de cinco minutos de golden score e duas punições para cada lado, a arbitragem interpretou que Rafaela usou a cabeça para defender um golpe, colocando a própria integridade em risco e acabou eliminando a brasileira da luta.

“É uma regra para proteger os atletas porque quando apoia a cabeça tem risco de lesionar a cervical ou coisa assim. Eu não consegui ver ainda o lance, mas é a regra e a gente tem que aprender a lidar. Não foi ao meu favor hoje”, disse Rafaela.

“Não sei o que é mais difícil, se é perder assim ou levar um ippon logo. Senti que estava crescendo na luta, ela queria a luta no solo, consegui algumas defesas, mas acabei ficando sem minha medalha no dia de hoje”, completou.

Rafaela contou que não conseguiu lutar 100% porque sofreu uma lesão no primeiro golpe da adversária na semifinal, a sul-coreana Mimi Huh. “Senti meu joelho, justamente a perna que eu uso para fazer meu principal golpe, o uchi-mata. Falei com a treinadora que estava com bastante dor. É uma lesão bastante chata. O médico me disse que uma das principais coisas dessa lesão é a falta de confiança e eu estava sentindo bastante incômodo. Tentei buscar, mas não consegui”,  contou.

Rafaela Silva ainda volta aos tatames montados na Arena Champs de Mars para a disputa por equipes no próximo sábado, 03/08. A carioca, cria da Cidade de Deus, prometeu que vai buscar forças para conseguir sua segunda medalha olímpica, ao lado dos demais companheiros.

“Agora é tratar para buscar essa medalha por equipe. É a minha terceira edição de Jogos Olímpicos e tenho objetivo de ir até Los Angeles 2028. Minha história olímpica não acaba aqui”, finalizou.

O judô brasileiro já conquistou duas medalhas em Paris 2024, prata com William Lima (66kg) e bronze com Larissa Pimenta (52kg), e chegou a 26 pódios olímpicos na história, a modalidade que mais contribuiu com as, agora, 153 medalhas olímpicas do Brasil na história. Nesta terça-feira, 30, é a vez dos judocas do meio-médio Guilherme Schimidt, quarto colocado do ranking mundial, e Ketleyn Quadros, primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha em esportes individuais, o bronze em Pequim 2008.

Como foram as lutas de Rafaela Silva?

A campeã olímpica na Rio 2016, como cabeça-de-chave, saiu de bye na primeira rodada e estreou somente nas oitavas-de-final. Com certa tranquilidade, venceu Maysa Pardayeva, do Turcomenistão. Dominando a luta, conseguiu uma chave de braço, obrigando a adversária a desistir do combate com menos de dois minutos de combate.

Na luta seguinte, enfrentou Eteri Liparteliani, da Geórgia. Numa luta em que não pareceu ser ameaçada, Rafaela conseguiu usar melhor sua pegada no judogi da adversária para aplicar com um uchi-mata (técnica em que se projeta o oponente usando uma das pernas e o quadril), que pontuou com um primeiro waza-ari. A atleta georgiana tentou, então, uma estratégia de se aproximar de Rafaela para tentar a luta agarrada, especialidade dos judocas da Geórgia. Mas não obteve êxito porque, numa posição dividida, chamada de “abraço”, a campeã olímpica levar a melhor sobre Lipertaliani, conseguindo um segundo waza-ari e encerrando a luta e classificando Rafaela para as semifinais.

Contra Mimi Huh, uma adversária que impõe dificuldade a Rafaela pela velocidade, a brasileira não conseguiu encontrar seu melhor judô. Foi punida no tempo normal e depois no golden score por falta de combatividade. Com 2:19 de golden score, a sul-coreana conseguiu uma imobilização para pontuar com waza-ari e encerrar a luta.

Rafaela foi para a repescagem contra a japonesa Haruka Funakubo. Aos 5:06 do golden score, a japonesa tentou um golpe e Rafaela se defendeu. O árbitro pediu a análise dos juízes de mesa. E Rafaela acabou eliminada da luta de maneira direta por, na interpretação dos juízes, colocar a própria integridade física em risco apoiando a cabeça no solo para evitar o golpe.

Daniel Cargnin para em atleta do Kosovo

Daniel Cargnin, medalhista olímpico em Tóquio 2020 na categoria meio-leve (66kg), fez a estreia contra um dos poucos adversários que não havia vencido neste ciclo, Akil Gjakova, do Kosovo. O adversário, mais alto e, portanto, com uma envergadura maior, usou uma estratégia de tirar a pegada de Cargnin e usar técnicas de solo para desiquilibrar o brasileiro. Foi assim que ganhou a primeira punição, mas que também conseguiu a primeira projeção ao brasileiro. Numa posição dividida, os árbitros chegaram a dar pontuação para o brasileiro, mas depois reanalisaram o lance e acabaram dando a pontuação para o kosovar.

Pouco tempo depois, também com uma técnica de sacrifício (sumi-gaeshi), em que se joga ao solo para projetar o adversário, Gjakova conseguiu um segundo waza-ari, que somado ao anterior configurou o ippon e a eliminação de Cargnin da sua segunda edição de Jogos Olímpicos.

“Não consegui fazer meu judô, um atleta alto, que faz muita força. Uma luta chata, cortando pegada, pesando para trás. Acho que o que me deixa mais triste é minha família estar aqui porque, no momento em que eu estava lesionado, foram as pessoas que mais me ajudaram. Se não fosse elas, talvez eu nem estaria aqui. Vou tentar ficar com elas, para no futuro, quem sabe, estar sorrindo de novo”, disse o judoca, citando a mãe, Ana Rita, e a futura esposa, Julie.

Cargnin ainda tem uma chance de sorrir nos próprios Jogos Olímpicos Paris 2024. Ele disputa a competição por equipes, no próximo sábado, dia 03/07.

“Estou chateado, mas não vou baixar a cabeça”, completou.

Texto: COB

Foto: Alexandre Loureiro/COB

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