Painel de Transparência do MP-BA revela gastos milionários com festas juninas no interior da Bahia

O Painel de Transparência do Ministério Público da Bahia (MP-BA), lançado para avaliação popular, está expondo os gastos públicos com as festas juninas em diversas cidades do interior do estado. A ferramenta foi aberta neste domingo (1º) e já revela números expressivos.

De acordo com o painel, a cidade de Cruz das Almas lidera os investimentos neste ano, com um gasto de R$ 9,3 milhões para os festejos de São João, superando os municípios de Irecê e Santo Antônio de Jesus, que destinaram R$ 6,96 milhões e R$ 6,35 milhões, respectivamente. Em Cruz das Almas, o montante representa um aumento de 50% em relação ao ano passado, quando foram investidos R$ 6 milhões.

Outro destaque foi a cidade de Itiruçu, que gastou R$ 1,15 milhão apenas na contratação de dois artistas: os cantores Leonardo e Zezo. Segundo dados do Painel de Transparência, a prefeitura, sob a gestão do prefeito Bira (PP), celebrou contratos com as empresas Talismã Administradora de Shows e Editora Musical Ltda e Ultra Promoções e Eventos Ltda, pagando R$ 750 mil e R$ 400 mil, respectivamente, pelos cachês.

Esse valor equivale a 20% de todo o investimento feito na Educação do município ao longo de 2023, gerando críticas e questionamentos sobre a proporcionalidade dos gastos. O município ainda terá apresentações de artistas como Saia Rodada e Luan Estilizado, cujos contratos ainda não foram detalhados publicamente.

O painel também destaca que o valor pago ao cantor Leonardo por Itiruçu foi idêntico ao que ele recebeu da prefeitura de Gaúcha do Norte, no Mato Grosso. No entanto, nesse caso, a Justiça considerou o contrato superfaturado, anulou o acordo e determinou a devolução de R$ 300 mil aos cofres públicos.

Outro município que chamou atenção foi Quijingue, que aumentou em quatro vezes os gastos com o São João deste ano. O investimento saltou de R$ 1,3 milhão em 2023 para R$ 5,2 milhões em 2024. Segundo informações publicadas pelo jornal A Tarde, em janeiro deste ano o MP-BA cancelou a ‘Festa de São Sebastião’ na cidade e a colocou em estado de emergência financeira, considerando desproporcional a realização do evento, que à época custaria R$ 1 milhão em contratos de artistas.

Com a divulgação do Painel de Transparência MP-BA, cresce o debate sobre a gestão dos recursos públicos e os limites para gastos com eventos festivos, especialmente diante de cenários de emergência financeira ou limitações em áreas essenciais como a educação.