Músico morto no Curuzu: versão da PM é contestada por moradores

A morte de Ivonei de Assis da Cruz, de 40 anos, durante uma ação da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), na noite de sexta-feira (1º), causou indignação entre os moradores do bairro do Curuzu, em Salvador. Ivonei era músico, produtor cultural, presidente de uma associação filantrópica e criador da banda junina Curuzu City. Segundo relatos da comunidade, ele foi morto injustamente.

De acordo com a Polícia Militar, Ivonei e outros dois homens — também mortos durante a ação — seriam suspeitos de trocar tiros com os agentes. Com eles, teriam sido encontrados três revólveres, 267 pinos de cocaína, 60 frascos de pedras de crack e uma quantia em dinheiro. A ocorrência foi registrada na Polícia Civil e o material apreendido foi apresentado como prova. A TV Bahia informou que a Corregedoria da PM investigará o caso.

Contudo, moradores contestam veementemente a versão oficial. Testemunhas afirmam que Ivonei voltava de uma apresentação da banda Curuzu City quando foi abordado. Ele teria sido baleado com quatro tiros, inclusive na cabeça.

“Ivonei era uma pessoa do bem, amava a favela, era respeitado por todos. Comprou um pastel e, ao entrar na rua de casa, foi surpreendido pela polícia”, contou a advogada e amiga da vítima, Aline Silva. “Ele chegou a dizer que era morador, que não estava envolvido com crime. Mesmo assim, foi alvejado.”

No domingo (3), moradores protestaram na Estrada da Liberdade com pneus em chamas, pedindo justiça por Ivonei. “O Curuzu City sai há mais de 10 anos no São João da Liberdade. Ele sonhava em colocar a banda no carnaval”, disse um amigo da vítima, que preferiu não se identificar por segurança.

O corpo de Ivonei foi sepultado no mesmo dia, no Cemitério Quinta dos Lázaros, sob forte comoção popular.