Membros da Bamor picham terreiro de candomblé em Salvador
Espaço religioso se manifestou por meio de nota nas rede sociais contra atitude da torcida organizada

Membros da torcida organizada do Bahia, Bamor, picharam o muro do terreiro de candomblé, Casa de Oxumarê – Ilê Osùmarè Araká Ase Ogodó, localizado no bairro da Vasco da Gama, em Salvador.
O caso aconteceu minutos antes do clássico Ba-Vi, realizado na Arena Fonte Nova, na capital baiana, na tarde de domingo, 18. Após a pichação, os integrantes da Bamor correram.
O vandalismo foi denunciado nas redes sociais do próprio terreiro de candomblé, que associou a prática à intolerância religiosa.
“Este ato de depredação, cometido sob o signo da intolerância e do desrespeito, é um crime previsto na Lei Federal nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais), Art. 65, que criminaliza a pichação ou qualquer forma de destruição de bens tombados. Mais do que um crime ambiental, trata-se de um atentado contra a liberdade religiosa, garantida pela Constituição Federal de 1988, em seu Art. 5º, inciso VI”, diz um trecho da nota.
O espaço religioso é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2013.
No comunicado, o terreiro ainda reforça que a atitude dos membros da torcida organizada endossa os dogmas pregados pelo racismo religioso.
“Atos como este não se restringem ao concreto das paredes, eles ecoam no tecido social, perpetuam preconceitos e fortalecem as estruturas de racismo religioso que tanto lutamos para combater. Não é apenas uma pichação. Contribuem com as recorrentes tentativas de apagar símbolos da cultura negra, é a expressão de uma intolerância que se esconde em camadas de violência simbólica e física”, acrescenta.
A Casa de Oxumarê também pediu que a Bamor se retratasse publicamente em relação ao ocorrido, junto a medidas de conscientização dos membros sobre o valor dos patrimônios afro-brasileiros e o respeito às religiões de matriz africana.
“Não se trata apenas de reparar um erro, mas de reafirmar o compromisso com os princípios éticos e com o respeito mútuo, bases essenciais para a convivência em sociedade”, disse.
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