Marta cobra promessa não cumprida de 80 mil árvores em Salvador: “É só propaganda”
Vereadora denuncia falta de transparência da Prefeitura sobre arborização urbana e cobra ações efetivas para enfrentar crise climática na capital baiana

A vereadora Marta Rodrigues (PT) denunciou, nesta quinta-feira (17), o que classificou como omissão da Prefeitura de Salvador no cumprimento da meta de plantio de 80 mil árvores prevista no Plano Plurianual (PPA) 2022-2025. Segundo a parlamentar, não há qualquer comprovação pública de que o plano tenha saído do papel.
“Estamos em julho de 2025 e não há um único relatório público que comprove o plantio das árvores previstas no PPA”, criticou Marta. “A cidade enfrenta calor extremo, sofre com ilhas de calor e desmatamento urbano, e a prefeitura se esconde atrás de uma propaganda vazia, sem compromisso com a verdade e com o povo.”
De acordo com a vereadora, nenhum valor foi pago entre janeiro e julho deste ano para ações de plantio ou manutenção de áreas verdes. A ausência de prestação de contas é, segundo ela, “uma afronta à transparência e à urgência climática”.
Crise ambiental e revisão do PDDU
Marta também destacou que a pauta ambiental deve ser central na revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), cujo processo foi iniciado neste mês com a contratação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para ela, a reformulação precisa incluir uma revisão imediata da Lei Municipal de Licenciamento Ambiental, sancionada pelo prefeito Bruno Reis, que teria flexibilizado critérios e favorecido o mercado imobiliário.
“Como falar de planejamento urbano sustentável ignorando a degradação acelerada das áreas verdes? Precisamos de um plano que coloque a vida, o clima e o povo no centro das decisões urbanas”, afirmou.
A vereadora exige que o Executivo municipal divulgue o termo de referência da contratação da FGV, os estudos que justificaram a escolha da fundação e um cronograma transparente da revisão do PDDU.
“Misancene ambiental” e projeto de replantio
Para Marta, a política ambiental de Salvador se resume a ações de marketing, como reinaugurações de espaços já existentes, a exemplo do Jardim Botânico. Ela acusa a gestão municipal de “promover um teatro verde enquanto vende áreas públicas e autoriza desmatamentos”.
“É uma chacota com a população e uma afronta à saúde pública. Arborização urbana não é só estética. É justiça climática, é proteção social.”
Na Câmara Municipal, Marta é autora do Projeto de Lei 87/2024, que propõe regras para o replantio de vegetação em áreas desmatadas, com uso de espécies nativas e proporcionalidade ao que foi retirado. O PL ainda não foi aprovado e segue em tramitação.
“Estamos lutando para que esse projeto seja aprovado com urgência. Não podemos mais aceitar que se derrube árvores impunemente.”
“A cidade sem sombra”
Segundo a vereadora, Salvador vive uma “crise ambiental silenciosa”, que atinge principalmente as populações mais pobres, que vivem em regiões com pouca cobertura vegetal e sofrem mais com o calor.
“As promessas ambientais da prefeitura não passam de propaganda enganosa. Enquanto isso, as comunidades mais pobres seguem sufocadas pelo calor, sem sombra, sem verde e sem direito à cidade”, concluiu.
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