Juros do cartão disparam e pressionam famílias, diz Banco Central
Taxas do cartão de crédito e do empréstimo pessoal sobem em novembro, enquanto crédito para empresas registra queda, segundo dados do BC

As taxas médias de juros cobradas pelos bancos registraram comportamentos distintos em novembro: alta para as famílias e queda para as empresas, segundo as Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas pelo Banco Central (BC).
No crédito livre destinado às pessoas físicas, os maiores aumentos ocorreram no crédito pessoal não consignado, cuja taxa avançou 5,5 pontos percentuais, alcançando 106,6% ao ano, e no cartão de crédito parcelado, que subiu 3,2 pontos, chegando a 181,2% ao ano. Já o cartão de crédito rotativo teve elevação de 0,7 ponto percentual, atingindo 440,5% ao ano, uma das taxas mais elevadas do mercado financeiro.
Mesmo com a regra que limita a cobrança dos juros do rotativo, em vigor desde o ano passado, essa modalidade continua onerando os consumidores. A medida busca conter o endividamento, mas não altera a taxa pactuada no momento da contratação. O crédito rotativo é acionado quando o consumidor paga menos que o valor total da fatura, transformando o saldo devedor em empréstimo com juros elevados.
Após 30 dias, a dívida é automaticamente parcelada, migrando para o cartão parcelado. Apesar da alta mensal, essa modalidade acumulou queda de 2 pontos percentuais em 12 meses. Já o crédito pessoal não consignado apresentou aumento de 7,3 pontos percentuais no mesmo período.
Com isso, a taxa média de juros do crédito livre para famílias subiu 0,9 ponto percentual em novembro, acumulando alta de 6,2 pontos em 12 meses e alcançando 59,4% ao ano.
Juros menores para empresas
Na contramão das famílias, as empresas registraram queda de 0,6 ponto percentual nas taxas médias de juros das novas concessões de crédito livre em novembro, apesar do aumento de 2,8 pontos em 12 meses. A taxa média ficou em 24,5% ao ano.
Entre os destaques, estão a redução nos juros de desconto de duplicatas e outros recebíveis, que caiu para 19,3% ao ano, e a diminuição da taxa de capital de giro com prazo superior a 365 dias, que chegou a 21,8% ao ano.
No crédito direcionado — que segue regras definidas pelo governo — a taxa para pessoas físicas permaneceu estável em 10,9% ao ano, enquanto, para empresas, houve queda para 11,8% ao ano.
Selic, spread e impacto na economia
Considerando recursos livres e direcionados, a taxa média geral de juros subiu para 31,9% ao ano em novembro. O movimento acompanha a elevação da taxa Selic, fixada em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006, utilizada pelo BC para conter a inflação.
O spread bancário também apresentou alta, refletindo custos operacionais, risco de inadimplência e margem de lucro das instituições financeiras.
Crédito desacelera e endividamento cresce
As concessões de crédito somaram R$ 637,5 bilhões em novembro, com queda mensal de 6,6%. Já o estoque total de crédito do Sistema Financeiro Nacional atingiu R$ 6,97 trilhões, mantendo trajetória de desaceleração em 12 meses.
O endividamento das famílias alcançou 49,3% da renda acumulada, enquanto o comprometimento da renda subiu para 29,4%, reforçando o impacto dos juros elevados no orçamento doméstico.



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