Inflação desacelera e volta à meta após 13 meses
IPCA desacelera para 0,18% em novembro, retorna ao limite da meta após mais de um ano e aponta alívio para consumidores e governo

A inflação oficial no Brasil voltou a surpreender positivamente em novembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,18%, movimento que devolveu o indicador ao limite máximo da meta de inflação, após 13 meses consecutivos acima do intervalo estabelecido pelo governo. Nos últimos 12 meses, o índice acumula 4,46%, ficando abaixo dos 4,5% previstos como teto para o ano.
Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (10) e marcam o menor resultado para novembro desde 2018.
O que mais pesou na inflação de novembro
Embora a inflação tenha permanecido controlada, alguns itens exerceram pressão significativa. As passagens aéreas, por exemplo, avançaram 11,9%, sendo o principal impacto individual do mês. O aumento adicionou 0,07 ponto percentual ao IPCA e impulsionou o grupo de Transportes, que subiu 0,22%.
Outro destaque foi o grupo de Despesas Pessoais, com alta de 0,77%. O subitem hospedagem disparou 4,09% devido ao aumento de incríveis 178% em Belém, cidade que sediou a COP30, ampliando a demanda por acomodações no período.
Energia elétrica segue como vilã do ano
A energia elétrica residencial registrou alta de 1,27% em novembro, refletindo reajustes tarifários em regiões como Goiânia, Brasília, São Paulo e Porto Alegre. A conta de luz é o item que mais elevou a inflação em 2025: acumula alta de 15,08% no ano e 11,41% em 12 meses. Sozinha, responde por 0,46 ponto percentual dos 4,46% do IPCA acumulado.
Com a mudança da bandeira tarifária — de vermelha nível 1 em novembro para amarela em dezembro — espera-se um alívio: o custo extra cai de R$ 4,46 para R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos.
Alimentos ajudam a segurar a inflação
O grupo Alimentação e Bebidas ficou praticamente estável em novembro (-0,01%). Entre os produtos que mais contribuíram para conter o índice estão:
- Tomate: -10,38%
- Leite longa vida: -4,98%
- Arroz: -2,86%
- Café moído: -1,36%
Essas quedas colaboraram diretamente para que a inflação ficasse mais próxima da meta.
Retorno ao limite da meta e projeções
Com resultado de novembro, o IPCA retorna ao intervalo definido pelo Conselho Monetário Nacional. A meta para 2025 é de 3%, com tolerância de até 4,5%. Segundo o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, se a inflação de dezembro ficar abaixo de 0,56%, o país fecha o ano dentro do limite máximo.
O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, projeta inflação de 4,40% ao fim de 2025 — número praticamente alinhado ao patamar atual.
Selic e impacto sobre a economia
O mercado aguarda a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que anunciará nesta noite a taxa Selic, hoje em 15% ao ano, maior nível desde 2006. Juros elevados tendem a reduzir demanda e esfriar a economia, o que pode ajudar a manter a inflação sob controle nos próximos meses.
Metodologia do IPCA
O IPCA mede o custo de vida de famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos e considera 377 subitens em 16 capitais e regiões metropolitanas. O salário mínimo atual é de R$ 1.518.



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