Fiocruz faz alerta: Aedes pode causar morte de bebês

Estudo da Fiocruz revela que arboviroses na gestação elevam riscos de parto prematuro, malformações congênitas e morte neonatal, alertando para a necessidade urgente de vacinação e prevenção

Brasil
Fiocruz faz alerta: Aedes pode causar morte de bebês
Foto: Muhammad Mahdi Karim/ Wikimedia Commons

Um novo alerta da ciência coloca em evidência uma ameaça invisível às gestantes brasileiras: as arboviroses na gestação — doenças como dengue, zika e chikungunya transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti — estão diretamente associadas a riscos graves tanto para mães quanto para bebês.

A descoberta vem de uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicada na revista Nature Communications, que analisou mais de 6,9 milhões de nascimentos entre 2015 e 2020. Os dados mostram que a infecção por esses vírus durante a gravidez está ligada ao aumento de casos de parto prematuro, baixo peso ao nascer, anomalias congênitas e até morte neonatal.

Dengue, zika e chikungunya: mais perigos do que se imaginava

De acordo com os cientistas do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS/Fiocruz Bahia), o impacto das arboviroses vai muito além da zika, tradicionalmente associada a más-formações em recém-nascidos.

A dengue, por exemplo, mostrou relação com partos antecipados e alterações estruturais no feto. Já a chikungunya, muitas vezes ignorada nas discussões sobre saúde materna, revelou associação com maior risco de morte neonatal.

“A ideia de que apenas a zika representa risco na gravidez está ultrapassada. Nosso estudo mostra que a dengue e a chikungunya também têm efeitos devastadores”, alertou Thiago Cerqueira Silva, um dos principais autores da pesquisa.

Malformações e mortes: os efeitos invisíveis da infecção na gravidez

Entre os achados mais alarmantes está a duplicação do risco de malformações congênitas entre bebês cujas mães foram infectadas por zika durante a gestação. A avaliação neonatal também foi impactada: recém-nascidos expostos aos vírus tiveram índices mais baixos no escore de Apgar, que mede a vitalidade do bebê após o parto.

Esses riscos variam conforme o trimestre em que a gestante é infectada, sugerindo que há janelas críticas de maior vulnerabilidade.

Vacinação e prevenção: um apelo urgente à saúde pública

Diante dos dados, os pesquisadores defendem com urgência a ampliação da vacinação contra dengue e chikungunya, incluindo essas imunizações na política nacional de vacinação para gestantes.

Além disso, Thiago Cerqueira destaca a importância de campanhas de informação que abordem todos os riscos associados às arboviroses, e não apenas à zika.

“As comunidades mais pobres, onde há maior exposição ao mosquito, são as mais afetadas. Precisamos garantir acesso gratuito às vacinas e fortalecer as ações de prevenção, especialmente para proteger mães e bebês”, conclui o pesquisador.

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