Falando de dinheiro: Quando o suficiente basta
Uma conversa inesperada mostrou que equilíbrio financeiro e qualidade de vida podem valer mais do que qualquer excesso.

Não sou muito de puxar papo ou de render conversa em qualquer ambiente — e isso inclui quando pego algum transporte por aplicativo. Cumprimento, falo o que for preciso, mas sem muita conversa. Diferente de muita gente por aí, que já ouvi contando histórias e mais histórias durante o percurso. Eu fico mais na minha.
Mas esses dias, assim que entrei no carro, o motorista comemorou que o destino era na “direção que eu queria ir”. Era por volta de 15h, e ele acrescentou que estava chegando de viagem, tinha deixado a esposa no trabalho e ia resolver algumas coisas.
— “Gosto de viajar assim, com tranquilidade. Volto de tarde, sem preocupação.”
Como era uma segunda à tarde, fiquei curioso para entender a rotina dele. Foi quando me disse que é caminhoneiro, mas que evita ficar muito tempo na estrada. Mantinha uma agenda fixa: duas viagens por semana, ida e volta de terça a quinta. Entre sexta e segunda, ficava em casa.
— “Ah, tem gente que pega uma viagem atrás da outra, mas acho isso maluquice. Olho o que tenho e está bom. Não preciso de mais, pra quê ficar na estrada assim?”
Entre os argumentos, falava de segurança, saúde e da chance de aproveitar a vida dentro daquilo que ele considerava suficiente. Até completar:
— “Tem que ser que nem aquele Grelo: só preciso do dinheiro pra comprar o mé, o leite das crianças e o modes da mulher.”
E caiu na risada.
(E aqui peço desculpas por fazer você voltar a cantar essa música em looping infinito)
Apesar do riso, ele tinha um ponto. Encavalar viagens significaria perder a tranquilidade que valorizava. E sobre o Uber, perguntei: não era mais trabalho?
— “Só rodo quando vou fazer alguma coisa sem pressa. E aí vou indo na direção que quero e ainda ganho alguma coisa.”
Verdade ou não, fiquei com a lição: por vezes o querer mais, ganhar mais, ter mais, nos torna escravos do próprio “mais”. Podemos até chegar lá, mas sem energia ou condição plena para aproveitar. Saber ter o suficiente é um privilégio.
E aqui dá para puxar alguns exemplos práticos desse “suficiente” nas finanças:
Estabelecer um limite saudável de renda para não virar escravo do trabalho.
Definir o que realmente é essencial antes de buscar “mais”.
Valorizar o tempo livre tanto quanto o dinheiro ganho.
O suficiente pode ser mais libertador do que qualquer excesso.
Inclusive, algo parecido já aconteceu em um atendimento que contei no podcast Fofoca de Bolso, projeto com 31 planejadores financeiros relatando histórias reais de clientes (preservando as identidades). O episódio com a minha história foi ao ar nesta segunda, e novos seguem nas próximas semanas.
Comentários: