Falando de Dinheiro: Do jeitinho da vovó

Confira a coluna de Raphael Carneiro

Falando de Dinheiro: Do jeitinho da vovó

“Ah, no final do mês eu olho o extrato ou o cartão pra ver tudo o que gastei e vou anotando.”

Com variações aqui ou ali, essa é uma resposta quase padrão quando pergunto aos clientes como organizam as finanças do mês. Isso, claro, no caso de quem faz algum controle.

Esse entendimento de “cuidar das finanças” se manteve assim por muito tempo. Virou o normal, sem muita reflexão sobre o que realmente significa.

Mas, antes de seguir, vamos trazer esse cenário para outras áreas da vida.

Se fosse no caso alimentar, faria sentido dizer que cuido da dieta anotando depois o que eu comi?

Na atividade física, seria coerente dizer que sigo bem o meu planejamento se, no fim do mês, anoto quantos dias treinei?

Imagino que você tenha as respostas.

Não. Não é suficiente. Em todos esses casos, o que estou fazendo é apenas um registro.

Se anoto o que comi, estou registrando. Se anoto os dias que treinei, estou registrando. Se anoto as vezes que escovei os dentes, estou… registrando. É tudo um registro. Mas por que, então, achamos que com o dinheiro basta registrar?

Se esperamos o final do mês para anotar tudo o que gastamos, estamos apenas olhando para o passado. Apenas contabilizando. E, geralmente, esse registro vem acompanhado do clássico lamento: “Nossa, gastei demais esse mês. O próximo vai ser diferente.”

E a frase se repete todos os meses.

Aqui entra um pequeno, mas poderoso, ajuste.

Quando fazemos uma dieta, recebemos um plano alimentar com o que deve ser comido ao longo do dia.

Quando seguimos um treinamento, temos um cronograma que diz o que e quando treinar.

A diferença é simples: sabemos antes o que precisa ser feito.

E é assim que se tem resultado.

Mas será que dá trazer isso para o dinheiro? Dá. E dá de forma muito simples. Aliás, tão simples que a gente até esquece.

Vou pedir para a gente voltar um pouco no tempo. Lembra quando nossos avós usavam envelopes para organizar o dinheiro dentro de casa? Se você é novinho, talvez não lembre… mas acredite: era assim mesmo. Antes do Pix, antes do cartão, antes do “dinheiro digital”, existiam cédulas. E como diz o ditado: dinheiro na mão é vendaval.

Para evitar que o vendaval levasse tudo, nossos avós criaram uma estratégia eficiente: cada conta tinha um envelope. Energia, gás, água, mercado… Antes de chegar o dia de pagar, o dinheiro já estava separado.

Era planejamento puro. Simples. E funcional.

E é justamente essa visão que a gente precisa resgatar: olhar para frente e definir o que será feito ao longo do mês com o dinheiro que temos.

Vamos pensar nos envelopes outra vez. Trouxe aqui seis áreas de gastos no mês. Nomeamos cada envelope: moradia, alimentação, transporte, reserva, saúde e lazer.

(De novo: são exemplos, não uma sugestão fixa.)

Depois, separamos quanto vai para cada envelope. Como se carimbássemos o dinheiro para aquele objetivo.

Aqui, um alerta importante: separar não significa engessar. Se você reservou X para alimentação e gastou um pouco a mais porque a vida aconteceu… não vai passar fome, né?

Existe bom senso. O envelope não é uma prisão. É uma referência. No início, vale seguir com mais rigor. Essa disciplina inicial faz diferença. Depois, você começa a ajustar com mais naturalidade.

E antes que você pergunte: não precisa ter o envelope físico. Eu até resgatei alguns para as fotos, mas sei muito bem que está cada vez mais raro ver dinheiro vivo. A lógica funciona igualmente bem na planilha, no caderno, no aplicativo e até nas funcionalidades dos bancos (como as caixinhas, cofrinhos…).

O importante é:

Parar de apenas registrar. E começar a planejar. Do jeitinho da vovó.

Comentários:

Ao enviar esse comentário você concorda com nossa Política de Privacidade.

Logo Sou da Bahia
Resumo das Políticas

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.