Educação financeira também é assunto para criança
Conversar sobre dinheiro é essencial para que os pequenos tenham uma relação saudável com as finanças. E a mesada pode ser uma aliada nessa tarefa
Para quem tem filhos pequenos em casa, a pergunta: “você pode comprar esse brinquedo pra mim?”, é comum. E, mais do que responder sim ou não, esses questionamentos podem ser o pontapé para iniciar uma conversa importante sobre educação financeira, um tema que pode, e deve, ser introduzido já na infância.
Iniciar o aprendizado sobre finanças desde cedo ajuda as crianças a desenvolverem hábitos saudáveis, tomar decisões mais conscientes, principalmente de compras, e evitar problemas como dívidas no futuro, explica o planejador financeiro Paulo Pereira Filho, líder de Expansão do Norte e Nordeste da XP Investimentos.
Não existe uma idade correta para introduzir o assunto, mas é importante estar atento ao desenvolvimento cognitivo e emocional de cada fase da infância. “Para crianças de 3 a 5 anos, uma dica é utilizar jogos simples, como brincar de supermercado, contar moedas e até ler histórias. Dos 6 aos 12 anos, é possível iniciar o uso de jogos educativos e ensinar sobre orçamento da família, poupança e gastos responsáveis. Na adolescência, a partir dos 13 anos, já é possível envolvê-los em conversas sobre orçamento pessoal, como poupar para alcançar seus objetivos e até decisões financeiras simples do dia a dia”, explica Paulo.
Uma boa estratégia para iniciar a educação financeira na infância é a famosa mesada. Com um valor fixo mensal, os pais ajudam as crianças a darem seus primeiros passos na gestão das finanças pessoais, aprender a poupar e até a gastar de forma consciente, diferenciando necessidades e desejos.
“Uma mesada adequada oferece à criança a oportunidade de experimentar essa autonomia com pequenas quantias, permitindo que ela erre e aprenda a gerenciar o seu próprio orçamento. Ao cometer erros com valores pequenos, ela se prepara para evitar enganos mais sérios na vida adulta, quando lidará com quantias maiores”, afirma o líder de Expansão do Norte e Nordeste da XP Investimentos.
Ao perceberem a importância de fazer escolhas mais inteligentes e conscientes, as crianças aplicam esse aprendizado não apenas na administração do dinheiro, mas também em outras áreas da vida. Elas começam a valorizar melhor seu tempo, focando em atividades que realmente têm significado e nas relações pessoais, entendendo a relevância do equilíbrio, da paciência e do respeito.
A importância dos exemplos
Os pais sabem a importância dos exemplos dados em casa na educação. E no que diz respeito à educação financeira, não é diferente. O ideal é que as famílias demonstrem preocupação e interesse em falar sobre dinheiro, consumo consciente e investimentos, pensando na melhor valorização de sua renda.
Dinheiro em espécie ou conta digital?
Não existe um formato ideal, tudo depende do que ficou acordado em relação ao uso da mesada. Se a criança for usar para lanches na escola, é possível que o dinheiro em espécie seja mais indicado. Já nos casos que a criança deseja poupar o dinheiro para uma compra maior, a conta digital pode ser mais adequada.
Desde 2023 uma resolução do Banco Central permite que menores de 16 anos sejam titulares de contas bancárias, desde que autorizadas por pais ou responsáveis. “Na XP, por exemplo, os pais podem abrir a conta de investimentos em nome da própria criança, mesmo se ele não tiver o RG, antes dos 10 anos de idade”, explica Paulo Pereira Filho.
Na hora de investir o dinheiro das crianças é importante considerar o planejamento financeiro e os objetivos da família. O horizonte de tempo também é um ponto que deve ser observado na tomada de decisão sobre qual é o melhor produto para ajudar a garantir um futuro financeiro para os pequenos.
Segundo o líder regional da XP, alguns investimentos recomendados são:
- Previdência Privada: os pais podem investir em fundos de previdência privada específicos para menores e transferir para o CPF deles quando atingir a maior idade ou investir em seu próprio CPF. Essa opção permite acumular um patrimônio a longo prazo para as crianças, mesmo que elas não tenham conta bancária e permite mudar de estratégia caso o mercado mude, ou seja, é possível sair de um fundo mais conservador e migrar para um mais agressivo sem ter que resgatar e pagar impostos;
- Tesouro Direto: investir em títulos públicos do Tesouro Direto envolve baixo risco e oferece acesso a títulos de longo prazo que dão uma previsibilidade de rendimentos. Através dos Títulos Públicos é possível diversificar as estratégias de Renda Fixa incluindo ativos que remuneram a inflação mais uma taxa fixa, o que vai garantir um ganho real na linha do tempo, garantindo também que os ativos sempre tenham uma remuneração acima da inflação;
- Carteira de Ações: ter ações de boas empresas e paguem bons dividendos é uma estratégia vencedora para as crianças, o horizonte de longo prazo combina com a estratégia de renda variável.
Para que esse planejamento seja feito de forma assertiva é muito importante buscar orientação de um assessor de investimentos, pois ele apoiará o cliente na avaliação das melhores opções de investimento de acordo com o perfil e os objetivos da família.
“A educação financeira infantil vai além de apenas administrar dinheiro; é ensinar sobre escolhas, vida e futuro. A chave é manter o diálogo aberto e contínuo, ajustando as conversas conforme eles crescem e suas necessidades mudam”, afirma o planejador financeiro.
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