Debates políticos estão desaparecendo dos grupos de WhatsApp
Pesquisa revela que metade dos usuários evita opiniões políticas em grupos de família, amigos e trabalho para fugir de brigas e conflitos

O compartilhamento de notícias e opiniões políticas no WhatsApp está cada vez mais raro em grupos de família, amigos e trabalho, segundo o estudo Os Vetores da Comunicação Política em Aplicativos de Mensagens, divulgado nesta segunda-feira (15).
A pesquisa, conduzida pelo centro independente InternetLab e pela Rede Conhecimento Social, aponta que apenas 6% dos usuários participam de grupos de debate político, uma queda em relação a 10% em 2020. Já a participação em grupos de família (54%), amigos (53%) e trabalho (38%) continua alta, mas as conversas sobre política diminuíram.
Entre 2021 e 2024, o volume de mensagens políticas caiu de 34% para 27% nos grupos familiares, de 38% para 24% nos grupos de amigos e de 16% para 11% nos grupos de trabalho.
O estudo mostra ainda que 56% dos usuários têm medo de emitir opinião política em grupos, citando o ambiente agressivo como principal motivo. Esse receio é comum entre pessoas de diferentes espectros políticos: 63% da esquerda, 66% do centro e 61% da direita.
Para evitar conflitos, os usuários adotam estratégias como:
- Enviar mensagens políticas apenas no privado (34%)
- Usar humor para tratar de política (30%)
- Participar apenas de grupos alinhados com suas ideias (29%)
A pesquisa também aponta que 52% dos participantes se policiam sobre o que falam e 50% evitam discutir política em grupos familiares. Ainda assim, 12% compartilham informações consideradas importantes mesmo que causem desconforto, e 18% divulgam ideias mesmo que possam parecer ofensivas.
Segundo Heloisa Massaro, diretora do InternetLab, o WhatsApp é uma ferramenta essencial no cotidiano, mas os usuários vêm desenvolvendo normas próprias de convivência política nos grupos. “Ao longo do tempo, observamos uma ética de grupo se consolidando nas interações online”, explica.
O levantamento foi realizado com 3.113 pessoas, de 16 anos ou mais, de todas as regiões do país, entre 20 de novembro e 10 de dezembro de 2024, e contou com apoio financeiro do WhatsApp, sem interferência no resultado da pesquisa.



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