Bahia tem recorde de mortes em ações policiais
Relatório do Fogo Cruzado revela alta alarmante nas mortes em ações policiais, com adolescentes e moradores sendo vítimas crescentes em Salvador e RMS

A violência armada em Salvador e na Região Metropolitana (RMS) atingiu níveis alarmantes no primeiro semestre de 2025, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. O número de mortos em chacinas policiais disparou 235% em relação ao mesmo período de 2024. Foram 57 vítimas fatais em 14 chacinas registradas, contra 17 mortes em cinco chacinas no ano anterior.
O aumento da violência policial na Bahia também impactou diretamente os jovens: 14 adolescentes foram baleados em operações policiais — um crescimento de 367% comparado aos três casos no primeiro semestre de 2024. Ao todo, 864 pessoas foram baleadas no estado entre janeiro e junho deste ano, sendo 347 durante ações ou operações policiais — 305 morreram e 42 ficaram feridas.
Apesar da leve queda de 9% no número de tiroteios (839 em 2025 contra 917 em 2024), a letalidade policial cresceu. Dos tiroteios registrados, 42% ocorreram em ações policiais, responsáveis por 43,5% das mortes.
Salvador foi o epicentro da violência: a capital concentrou 73% dos tiroteios, 69% dos mortos e 79% dos feridos. Camaçari, Dias D’Ávila e Lauro de Freitas também aparecem entre os municípios com maiores índices de violência.
“Os dados do primeiro semestre mostram que a Bahia insiste numa política de confronto que fracassou. Adolescentes estão morrendo em ações policiais. Em qualquer lugar do mundo isso seria inaceitável”, alerta Tailane Muniz, coordenadora do Fogo Cruzado na Bahia.
Outro dado preocupante é o número de pessoas baleadas dentro de casa: 69 vítimas, das quais 64 morreram. Além disso, 19 pessoas foram atingidas por balas perdidas — quase metade durante operações policiais.
Entre as vítimas, 809 eram adultos (94%), 35 adolescentes, 11 idosos e três crianças. Negros seguem como maioria entre os baleados: 370 foram identificados com esse perfil racial.
Apesar do número menor de tiroteios, os dados revelam que o ambiente está mais letal, principalmente em áreas periféricas de Salvador como Lobato, Mussurunga e Fazenda Coutos.
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