CPMI do INSS retoma oitivas com novos alvos de fraude bilionária
Mais de R$ 1,1 bilhão teriam sido desviados de aposentados; CPMI ouve envolvidos em novo escândalo de fraudes no INSS

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS retoma os trabalhos nesta segunda-feira (20), às 16h, com a oitiva de duas figuras centrais no escândalo de fraudes em descontos indevidos que atingiram milhares de aposentados e pensionistas em todo o país.
O foco da CPMI será o depoimento de Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB). Ele é acusado de envolvimento direto em um esquema bilionário, que teria desviado mais de R$ 1,1 bilhão de aposentadorias por meio de descontos irregulares e sem consentimento dos beneficiários. A entidade, autorizada em 2022 a aplicar descontos de até 2,5% sobre os benefícios, é apontada como fachada para operações financeiras ilegais, segundo apurações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU).
Também será ouvida Tonia Andrea Inocentini Galleti, ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS). A CPMI quer entender por que suas denúncias e tentativas de regulamentar os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) firmados com sindicatos e associações foram bloqueadas.
Os depoimentos atendem a 12 requerimentos feitos por senadores e deputados de diversos partidos. Entre eles, estão Izalci Lucas (PL-DF), Damares Alves (Republicanos-DF), Fabiano Contarato (PT-ES) e Rogério Correia (PT-MG), que pedem a responsabilização dos envolvidos e a apuração das falhas sistêmicas no controle de descontos.
O senador Fabiano Contarato, autor do REQ 910/2025, afirma que Felipe Gomes teria sido identificado como operador do esquema. “Há indícios de que a ABCB usava convênios com o INSS para captação ilícita de recursos, em uma grave violação dos direitos dos beneficiários”, declarou.
Já o requerimento 60/2025, de Izalci Lucas, reforça que o foco da investigação deve ir além dos executores, alcançando o “epicentro decisório” do sistema previdenciário.
Na semana passada, o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, também compareceu à CPMI, mas se negou a responder a perguntas com base em um habeas corpus concedido pelo ministro Luiz Fux, do STF. Stefanutto alegou que as perguntas poderiam incriminá-lo, o que levou à suspensão da sessão.
O caso ganhou repercussão nacional após a identificação de milhares de aposentados lesados por descontos não autorizados em seus benefícios, gerando protestos e pedidos de responsabilização de servidores, dirigentes e entidades envolvidas.



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