Casos de envenenamento no Brasil alcançam patamar alarmante

Estudo da Associação Brasileira de Medicina de Emergência revela aumento preocupante nas internações por intoxicação, com destaque para venenos em alimentos e medicamentos

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Casos de envenenamento no Brasil alcançam patamar alarmante
Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

O Brasil enfrenta uma crise silenciosa que afeta milhares de pessoas todos os anos: o envenenamento. Segundo dados inéditos divulgados pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), entre 2009 e 2024, foram 45.511 atendimentos de emergência por envenenamento que resultaram em internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Esses números revelam uma média assustadora de 12,6 internações por dia, ou uma a cada duas horas. O alerta foi reforçado pela Abramede, que destacou não apenas os casos acidentais, mas também os episódios intencionais de intoxicação provocada por terceiros, que totalizam 3.461 internações.

Acesso fácil a venenos e impunidade preocupam especialistas

A entidade destaca que a maioria dos envenenamentos está ligada ao fácil acesso a substâncias tóxicas, à falta de fiscalização e ao uso de venenos em situações de conflitos familiares, muitas vezes motivados por questões emocionais.

Principais agentes causadores

Os registros mais frequentes envolvem:

  • Produtos químicos não especificados: 6.556 casos
  • Drogas e medicamentos: 6.407 casos
  • Substâncias químicas nocivas não especificadas: 5.104 casos

No recorte de casos acidentais, os destaques são:

  • Analgésicos e anti-inflamatórios: 2.225 casos
  • Pesticidas: 1.830
  • Álcool (causas indeterminadas): 1.954
  • Sedativos e hipnóticos: 1.941

Regiões mais afetadas

A Região Sudeste lidera com quase metade dos casos: mais de 19 mil internações.

  • São Paulo: 10.161 casos
  • Minas Gerais: 6.154
  • Paraná e Rio Grande do Sul também aparecem entre os estados com maiores números.

Intoxicação proposital: um crime silencioso

Os dados revelam que os casos de intoxicação proposital se concentram nas regiões:

  • Sudeste: 1.513 ocorrências
  • Sul: 551
  • Nordeste: 492
  • Centro-Oeste: 470
  • Norte: 435

São Paulo (754), Minas Gerais (500) e Pará (295) lideram as ocorrências desse tipo de crime.

Perfil das vítimas

A maioria dos envenenados é do sexo masculino (23.796 casos) e pertence às seguintes faixas etárias:

  • Jovens adultos (20 a 29 anos): 7.313 casos
  • Crianças (1 a 4 anos): 7.204 casos

Casos recentes que chocaram o país

A tragédia não é apenas estatística — ela tem rostos e histórias reais:

  • Dez/2024 (RS): Três pessoas morreram após comerem bolo com arsênio. A suspeita é a nora da cozinheira.
  • Jan/2025 (PI): Cinco pessoas, incluindo um bebê, morreram após ceia de Réveillon adulterada com inseticida.
  • Abril/2025 (MA): Duas crianças morreram após comerem ovo de Páscoa envenenado.
  • Abril/2025 (RN): Bebê de 8 meses morreu após consumir açaí entregue como “presente”.

Especialistas pedem urgência em regulamentações

A Abramede reforça a importância da presença de médicos emergencistas em hospitais públicos e cobra fiscalização mais rígida sobre substâncias tóxicas, além de ações governamentais de prevenção e educação pública.

O envenenamento é uma realidade cada vez mais comum no Brasil e exige atenção urgente das autoridades. Casos acidentais, criminosos e até relacionados à alimentação revelam a fragilidade da segurança química no país.

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