Caruru de Cira em Itapuã completa 85 anos

O caruru oferecido por Jaciara de Jesus, a Cira do Acarajé, falecida em 2020, completa 85 anos neste mês de setembro. Ele é realizado anualmente em Itapuã, bairro onde a quituteira residia e de onde se projetou como uma das mais célebres e prósperas baianas de acarajé do Brasil.
A tradição foi iniciada pela avó de Cira, conforme relato de Cristina do Acarajé, filha primogênita da folclórica baiana de acarajé e atual responsável pelos negócios da família.
“Foi uma promessa de minha bisavó para Cosme e Damião. A gente não sabe mais qual foi o voto, mas passou dela pra minha avó, que se chamava Odete Brás de Jesus. Mainha começou a dar o caruru na mesma Rua Olhos d’Água, aqui em Itapuã, com 13 anos de idade, que foi quando ela ficou órfã, assumiu o tabuleiro e passou a criar os quatro irmãos mais novos”, contou Cristina.
Ainda segundo Cristina do Acarajé, atualmente o caruru é ofertado para mais de mil pessoas, entre convidados e quentinhas doadas aos transeuntes que passam no dia do evento em frente à mansão onde Cira morava, na Rua do Tamarineiro, nº 9, em Itapuã. Ela comenta que Cira inovou na prática de oferecer o caruru em um dia, e reservar o dia seguinte exclusivamente para a oferta dos doces e tortas, sempre a partir das 17h30.
“Para o caruru, eu compro 2 mil quiabos, 240 kg de galinha, 30 kg de feijão preto, 30 kg de feijão fradinho, 30 kg de arroz, 30 kg de farinha, dois feixes de cana, três abóboras grandes, meio saco de batata doce, 10 pencas de banana da terra para fritar, fora mel, rapadura e muito dendê, porque ainda fazemos mil acarajés e mil abarás. Isso no dia 23 de setembro, que neste ano cai segunda-feira”, contabiliza Ana Paula, ex-nora e gerente do tabuleiro de Cira do Acarajé no Rio Vermelho.
“Já terça-feira, dia 24, a gente vai dar vinte e uma tortas, fora o bolo de São Cosme, que é enorme, 30 pacotes de refrigerante, com seis garrafas de 2 litros cada, mais 30 pacotes de pitchulinha, fora bala, pirulito e doces diversos, inclusive os do tabuleiro, que é o detamarindo, a cocada-puxa e a cocada normal”, complementa.
Ana Paula afirma que o custo total da produção do evento é de R$ 30 mil reais, valor bancado com recursos próprios da família. Ele assegura que o caruru é maior entre todos os oferecidos no bairro de Itapuã e não segura o orgulho em cogitar que talvez também seja o maior de Salvador.
Comentários: