Calor extremo mata milhares: Brasil e mundo em alerta
Relatório da The Lancet e OMS aponta que mudanças climáticas já provocam centenas de milhares de mortes anuais; adaptação e redução de combustíveis fósseis são urgentes

Um alerta urgente para o mundo: as mudanças climáticas já estão provocando mortes em massa. De acordo com o relatório Contagem Regressiva em Saúde e Mudanças Climáticas, publicado nesta quinta-feira pela revista The Lancet, cerca de 546 mil pessoas morrem anualmente devido ao calor extremo. Apenas em 2024, 154 mil mortes foram atribuídas à fumaça de incêndios florestais.
O estudo, realizado por mais de cem cientistas de diferentes países em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), chega a menos de duas semanas da COP30, que acontece em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 22 de novembro. Os especialistas enfatizam a urgência de reduzir emissões de gases do efeito estufa e cortar o uso de combustíveis fósseis, além de implementar medidas de adaptação para proteger a população.
“Com os impactos das mudanças climáticas aumentando, a saúde de 8 bilhões de pessoas no planeta está em risco”, alertam os cientistas.
Brasil e América Latina em risco
No Brasil, o impacto é grave. Entre 2020 e 2024, o país registrou 7,7 mil mortes anuais ligadas à fumaça de incêndios florestais. Além disso, 3,6 mil mortes por ano ocorreram devido ao calor no período de 2012 a 2021. Durante esses anos, os brasileiros enfrentaram em média 15,6 dias de ondas de calor, 94% dos quais não teriam acontecido sem o aquecimento global.
A seca também se intensificou: 72% das terras brasileiras sofreram pelo menos um mês de seca extrema por ano, quase dez vezes mais do que nas décadas de 1950 e 1960.
Na América Latina, a temperatura média regional atingiu 24,3°C em 2024, um recorde histórico, elevando para 13 mil o número de mortes anuais relacionadas ao calor.
Adaptação é urgente
O relatório reforça que a adaptação às mudanças climáticas não é opcional, mas essencial para reduzir riscos, aumentar a resiliência e combater desigualdades socioeconômicas. Segundo os especialistas, “construir um futuro resiliente exige transformar sistemas de energia e reduzir a dependência de combustíveis fósseis”.
O documento destaca que a COP30 será uma oportunidade para o Brasil liderar ações de mitigação e adaptação climática, promovendo saúde e desenvolvimento sustentável.



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