Brasil registra déficit recorde nas contas externas em setembro
Balança comercial em alta não evita aumento do déficit externo; investimentos estrangeiros ajudam a equilibrar o país

O Brasil registrou um déficit recorde de US$ 9,774 bilhões nas contas externas em setembro de 2025, segundo dados divulgados na sexta-feira (24) pelo Banco Central (BC). O resultado representa uma piora em relação ao mesmo mês de 2024, quando o déficit foi de US$ 7,383 bilhões.
A alta do déficit foi impulsionada principalmente pelo recuo de US$ 2,2 bilhões no superávit comercial e pelo aumento de US$ 946 milhões no déficit em renda primária, que contabiliza pagamentos de juros, lucros e dividendos. Houve, porém, redução de US$ 640 milhões no déficit em serviços e aumento de US$ 115 milhões no superávit em renda secundária.
Nos últimos 12 meses encerrados em setembro, o déficit acumulado em transações correntes atingiu US$ 78,947 bilhões, equivalente a 3,61% do PIB, acima dos US$ 49,769 bilhões do mesmo período de 2024 (2,23% do PIB). Apesar da tendência de aumento do déficit, o BC destaca que ele é financiado por investimentos de longo prazo, especialmente investimentos diretos no país (IDP), considerados de alta qualidade.
Balança comercial e serviços
As exportações de bens totalizaram US$ 30,686 bilhões, aumento de 7% sobre setembro de 2024, enquanto as importações chegaram a US$ 28,362 bilhões, crescimento de 17,4%, marcando recorde histórico. Entre as importações, destaque para uma plataforma de petróleo de US$ 2,4 bilhões. O superávit comercial do mês foi de US$ 2,324 bilhões, abaixo dos US$ 4,524 bilhões de setembro de 2024.
O déficit em serviços caiu para US$ 4,904 bilhões, com destaque para queda de 12,2% nas despesas de telecomunicações e 7% em transportes, enquanto serviços de propriedade intelectual tiveram aumento de 64,9%.
Rendas e financiamento
O déficit em renda primária somou US$ 7,635 bilhões, alta de 14,1% na comparação anual, enquanto a renda secundária registrou superávit de US$ 441 milhões.
Para financiar o déficit, o Brasil contou com investimentos diretos no país (IDP) de US$ 10,671 bilhões em setembro, ante US$ 3,861 bilhões no mesmo mês de 2024. O IDP acumulado em 12 meses totalizou US$ 75,843 bilhões (3,47% do PIB).
As reservas internacionais também aumentaram, atingindo US$ 356,582 bilhões, alta de US$ 5,815 bilhões em relação ao mês anterior.
Apesar do déficit recorde, o Brasil mantém fluxo de capitais de longo prazo sólido, garantindo estabilidade e capacidade de financiamento das contas externas.



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