Bolsonaro pode ser preso hoje? Decisão de Moraes agita bastidores em Brasília

A semana começa com alta tensão no cenário político brasileiro. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ter a prisão preventiva decretada ainda nesta terça-feira (22), após indícios de descumprimento das medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Moraes deu prazo de 24 horas para a defesa do ex-presidente justificar sua aparição em vídeos e transmissões nas redes sociais, algo que foi expressamente proibido como parte das restrições determinadas pela Corte. Caso a explicação não seja considerada suficiente, Bolsonaro pode ser preso por desobediência judicial.

Entre as medidas impostas ao ex-mandatário estão o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e integral nos finais de semana, além da proibição de interações com diplomatas, investigados da tentativa de golpe de 2023 e com o próprio filho Eduardo Bolsonaro.

Na última segunda-feira (21), Bolsonaro foi à Câmara dos Deputados, onde se encontrou com apoiadores e concedeu entrevista à imprensa. Durante o ato, exibiu a tornozeleira eletrônica e declarou:

“Isso aqui é o símbolo da máxima humilhação do nosso país. Não roubei, não matei, não desviei dinheiro público. O que vale para mim é a lei de Deus.”

A manifestação foi amplamente divulgada nas redes sociais, o que, segundo Moraes, configura violação direta da decisão judicial. O ministro reforçou que a proibição inclui qualquer tipo de veiculação — direta ou por terceiros — em redes sociais ou canais digitais.

Crise no PL e articulação de bastidores

O clima dentro do Partido Liberal é de alerta total. Caciques da sigla admitem que a prisão de Bolsonaro é uma possibilidade concreta, ainda que não vejam motivação jurídica sólida para tal medida. Nos bastidores, o entendimento é que Moraes pode agir politicamente para dar uma resposta ao descumprimento das ordens.

Uma ala do PL já está em “plantão” em Brasília, aguardando o desfecho do impasse e pronta para reagir publicamente. A sigla teme que a eventual detenção do ex-presidente abra um vácuo de liderança na direita e acelere a disputa por um sucessor dentro do campo conservador.

Processo se aproxima do fim e julgamento pode ocorrer em setembro

A movimentação do STF ocorre em meio à reta final do processo que investiga a tentativa de golpe de Estado. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já apresentou as alegações finais contra Bolsonaro e mais sete acusados, sugerindo a condenação de todos.

Caso o STF adote as penas máximas, o ex-presidente pode enfrentar até 43 anos de prisão. A expectativa é de que o julgamento ocorra até setembro deste ano.

Enquanto isso, cresce a tensão política em Brasília e a possibilidade de uma prisão preventiva nas próximas horas mantém o Brasil em compasso de espera.